Não constitui novidade dizermos que vivemos em um mundo digital.
Segundo alguns estudiosos, o volume de informações a que temos acesso em um dia é maior do que um cidadão do século XVIII teria ao longo de toda sua vida.
Desenvolvemos e multiplicamos tecnologias que geram e difundem textos, sons e imagens de maneira intensa e constante.
As redes sociais alimentam essa difusão, exigindo que estejamos sempre em conexão e interação.
Como consequência, a presteza na troca de informações e o apelo por novidades se acelera ano a ano.
As novidades do minuto anterior rapidamente envelhecem, demandando outras que estão por vir.
E vamos tentando nos inserir nesse tempo digital, em que tudo é muito rápido, fugaz e inconstante.
Para isso, estimulamos e provocamos nosso cérebro a todo instante. Não temos tempo para o silêncio, a tranquilidade.
Quando eles ameaçam nos visitar, rapidamente recorremos a um novo clique, uma nova página, uma outra novidade postada por alguém.
E assim nosso mundo vai se tornando cada vez mais digital.
Digitalizamos nossa vida quando, durante a refeição, ficamos com o celular sobre a mesa para saber o que está acontecendo.
Também quando estamos com amigos e entrecortamos a convivência para postar ou trocar mensagens digitais.
As experiências de um restaurante diferente, uma viagem agradável, um reencontro com amigos, passam do analógico ao digital em segundos, quando saímos do mundo real para as redes sociais.
Ao digitalizarmos nossas experiências, ao acelerarmos nossa vida, abrimos mão de vivermos momentos unicamente analógicos.
Desses momentos que têm o tempo do corpo e das emoções.
Momentos que precisam ser processados, sentidos, elaborados.
Viver experiências unicamente analógicas, sem a influência ou interferência do mundo digital, é viver as experiências do nosso processamento cerebral e emocional.
Ao digitalizarmos excessivamente nossa vida, vamos acelerando nosso mundo interno, que perde a capacidade da espera, da pausa. Até mesmo do aborrecimento.
Assim, na expectativa da novidade, vamos nos tornando ansiosos e aflitos.
Estamos sempre no próximo minuto, no futuro, perdendo o presente.
Aí está nossa ansiedade: nesse excesso de futuro que inserimos em nossa vida.
Dessa forma, busquemos tornar nossos dias mais analógicos.
Vivamos nossas emoções no tempo e na velocidade apropriados.
A emoção de uma boa conversa precisa ser vivenciada no seu tempo, sem interrupções digitais.
Igualmente processos mais longos como uma decepção amorosa ou um luto.
Eles também precisam do tempo analógico para serem compreendidos em nossa intimidade, sem fugas para o mundo digital.
Nessa busca de equilíbrio, a meditação e a oração são ferramentas incomparáveis para nosso bem-estar.
Na meditação, vamos ao encontro de nós mesmos, permitindo-nos viver com intensidade cada emoção, cada sentimento.
Na oração, vamos ao encontro da Divindade, buscando nossa harmonia com o Universo e o amor divino.
Trabalhemo-nos para isso.
Fonte: Redação do Momento Espírita em 04 Set 2024.